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Pronunciamento do presidente Biden, do presidente do Brasil, Lula, e do diretor-geral da OIT, Houngbo Lançamento da Parceria pelos Direitos dos Trabalhadores | Nova Iorque, NY

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PRESIDENTE BIDEN: Obrigado. Por favor, sentem-se. Muito Obrigado. Obrigado a todos por estarem aqui.

Enquanto crescia, em minha casa, meu pai costumava ter uma expressão, de verdade. Ele dizia: “Um emprego é muito mais do que um salário. É sobre a sua dignidade. É uma questão de respeito. É sobre ser capaz de olhar nos olhos do seu filho e dizer: ‘Querido, vai ficar tudo bem’.”

Essa ideia está no centro da minha visão econômica de reconstruir nossa economia do meio para fora, de baixo para cima, não de cima para baixo. Porque quando isso acontece, a classe média vai bem e os sindicatos construíram a classe nos Estados Unidos. Mas, em segundo lugar, os pobres têm uma disparada e os ricos ainda se saem muito bem – exceto que não pagam impostos suficientes, mas essa é uma questão diferente.

E essa visão é alimentada por um forte movimento sindical.

É por isso que, nos EUA, tenho orgulho de que meu governo seja caracterizado como o governo mais pró-sindicato da história norte-americana. Não, eu realmente quero dizer isso.

E deixe-me ser claro: seja seu automobilista ou qualquer outro trabalhador sindical, os lucros recordes das corporações devem significar contratos recordes para os trabalhadores do sindicato.

Hoje, tenho orgulho de estar ao lado de um grupo de líderes que sentem exatamente o mesmo quando lançamos nossa nova Parceria pelos Direitos dos Trabalhadores.

Nos últimos dias, as nações do mundo falaram sobre mudanças climáticas, desenvolvimento sustentável, segurança alimentar, resiliência econômica. Mas sabemos que nosso progresso nesses desafios depende de nossos trabalhadores.

Eles impulsionarão nossa transição de energia limpa. Eles manterão as cadeias de suprimentos globais seguras. Eles construirão a infraestrutura de que precisamos para manter nossas economias fortes. Então, temos que capacitá-los também.

E é disso que se trata esta nova parceria. A parceria, na verdade, foi ideia desse homem.

No geral, temos cinco objetivos principais.

Em primeiro lugar, proteger os direitos dos trabalhadores. Isso significa acabar com o trabalho forçado, acabar com o trabalho infantil, acabar com a exploração dos trabalhadores, que é muito comum em todo o mundo. Um passo em direção a esse objetivo – trabalharemos com líderes de todo o mundo para garantir que – o diretor-geral da Organização Internacional do Trabalho, que está aqui conosco hoje – garanta que os trabalhadores não apenas conheçam seus direitos, mas também tenham as ferramentas para exercer seus direitos.

O segundo objetivo é promover um trabalho seguro e decente que garante que os países e as empresas sejam responsabilizados pelos impactos em seus investimentos na saúde dos trabalhadores, nos salários dos trabalhadores e nos direitos dos trabalhadores.

E o terceiro elemento disso é: vamos promover uma transição de energia limpa centrada no trabalhador – uma transição de energia limpa centrada no trabalhador. Gente, como eu falei sobre o trabalho desde o início: quando penso em mudanças climáticas, penso em empregos. Empregos.

É por isso que, à medida que aumentamos nossa produção de tecnologias como solar e redes inteligentes e dobramos nossos esforços para garantir a transição para uma oportunidade justa e significativa para os trabalhadores e suas comunidades.

Quarto, vamos aproveitar a tecnologia para beneficiar os trabalhadores. Isso significa garantir que as novas tecnologias, como inteligência artificial e plataformas avançadas, funcionem para eles.

E, finalmente, vamos combater a discriminação no local de trabalho. Apoiar nossos trabalhadores é garantir que ninguém seja deixado para trás.

Então, por meio dessa nova parceria, nós vamos, com os nossos movimentos sindicais, promover uma maior equidade no trabalho, inclusive por meio da negociação coletiva.

E assim, deixe-me encerrar com isso. Este anúncio também é um convite a todos os líderes globais e todas as organizações trabalhistas para se juntarem a nós – para se juntarem a nós e se comprometerem com um futuro melhor – onde os trabalhadores de todas as nações serão tratados com dignidade e respeito. Nossas economias e nossas nações serão todas mais fortes por causa disso.

Agora eu gostaria de passar para um líder que tornou essa parceria possível.

Presidente Lula, a palavra é sua.

PRESIDENTE LULA: Bem, em primeiro lugar, gostaria de cumprimentar o presidente Biden e dizer ao presidente Biden —

Você pode me ouvir, presidente Biden?

Este é um momento histórico para o Brasil e para os EUA.

Presidente Biden, você pode me ouvir?

Eu — você pode? Sim, bom.

E assim, há a delegação dos EUA que está aqui comigo. Gostaria de cumprimentar minha esposa que também está aqui. Gostaria de cumprimentar os sindicalistas brasileiros que me convidaram pelo meu ministro do Trabalho. E também quero cumprimentar os líderes sindicais dos EUA que estão aqui – que sempre tivemos uma relação muito boa – uma relação extraordinária com o movimento trabalhista dos EUA.

Bem, em primeiro lugar, tenho a felicidade de compartilhar com o presidente Biden essa Parceria pelos Direitos dos Trabalhadores. E muito honrado com a presença do nosso irmão, Gilbert Houngbo, diretor-geral da Organização Internacional do Trabalho, e do meu irmão, Luiz Marinho, ministro do Trabalho do Brasil.

E também gostaria de saudar a participação dos principais líderes da Federação Americana do Trabalho e de outras organizações trabalhistas nos EUA, na qual devo a eles muita gratidão — sou muito grato a eles, porque em muitos momentos difíceis que tivemos no Brasil, o movimento sindical norte-americano se mostrou solidário — nos prestou solidariedade, ao movimento operário brasileiro.

Quando entrei para as atividades sindicais, há muito tempo, nunca imaginei que me tornaria o presidente do meu país. E eu jamais poderia imaginar estar lado a lado com o presidente Biden, ao lado do diretor-geral da OIT, discutindo a criação de políticas de trabalho decente e parcerias para melhorar a vida dos trabalhadores pobres, especialmente neste mundo digitalizado onde a inteligência artificial fala muito mais poderosamente do que a voz dos trabalhadores.

Então esse é um momento de gratidão, eu sou muito grato. Sabemos o que aconteceu com a política neoliberal no mundo. O fato é que temos, até o momento, mais de 2 bilhões de trabalhadores que estão no setor informal, segundo a OIT. E temos, mais ou menos, 240 milhões de seres humanos que, mesmo empregados, vivem na pobreza absoluta porque ganham menos de US$1,90 por dia. É inaceitável que mulheres, minorias étnicas e pessoas LGBTQ+ sejam discriminadas no mercado de trabalho.

Desde que voltei à presidência no Brasil, fiz todos os esforços para reconstruir e unir o país. Em poucos meses, conseguimos fazer algo extraordinário. Já criamos nos primeiros oito meses de meus mandatos 1,2 milhão de empregos formais com carteira de trabalho.

O salário mínimo voltou a crescer acima da inflação passada – 80% das negociações – as negociações coletivas têm reajustes acima da inflação passada – 80%.

E também aprovamos no Congresso, depois de décadas esperando para aprovar um projeto desses, uma lei que garante às mulheres o mesmo salário que o homem tem se elas exercerem o mesmo trabalho, o mesmo cargo. Parecia impossível. Então, trabalho igual, salário igual.

Também estabelecemos uma mesa de negociação coletiva entre o setor empresarial, os trabalhadores e o governo. E essa mesa-redonda – esse fórum que vamos desenvolver não só uma perspectiva de trabalho decente – ou de trabalho decente devido às plataformas digitais que usam o trabalho precário, mas também queremos criar talvez um novo quadro na função de trabalho e gestão.

Uma relação do século XXI que é civilizada, mas também seguinte – para concordar com o que o presidente Biden disse: todas as pessoas que acreditam que sindicatos fracos farão com que o empregador e os empresários ganhem mais no país – bem, estão enganados. Não há democracia sem sindicatos fortes, porque o sindicato efetivamente é quem fala em nome do trabalhador para defender seus direitos.

Já disse aos sindicatos norte-americanos que a minha admiração pela visão do presidente Biden que ele tem em relação aos sindicatos vêm logo do primeiro discurso que fez na sua tomada de posse, quando disse, e cito: “A riqueza dos EUA não foi feita pelo setor empresarial. Foi construído pelos trabalhadores.”

Essa é a mais pura verdade, e faremos da transição energética uma oportunidade extraordinária de reindustrializar e talvez fazer com que os empregos se tornem empregos de qualidade.

Estamos trabalhando diretamente com algumas coisas urgentes, presidente Biden. Esse é o nosso compromisso com a proteção dos direitos dos trabalhadores: promover o trabalho decente por meio de investimentos públicos e privados; combate à discriminação no local de trabalho; abordagem centrada nos trabalhadores na transição para energias limpas; e, por último, o uso da tecnologia em termos de tecnologia digital em prol do trabalho decente.

Essa iniciativa, presidente Biden, será levada adiante pelo presidente dos EUA, por mim, em todo o fórum internacional que vamos participar. O Brasil presidirá, no ano que vem, o G20. E assim, vamos presidir – depois, em 2025, o processo dos BRICS. E depois teremos a COP30 em 2026 no coração da região amazônica.

Em todos esses fóruns, posso tranquilizar os trabalhadores e garantir a todos que estaremos trabalhando e tentando construir condições para que todos os governantes do mundo aceitem o protocolo que estamos fazendo aqui. Porque todos os seres humanos – homens ou mulheres, negros ou brancos – têm direito ao trabalho decente.

Muito Obrigado.

PRESIDENTE BIDEN: Bom trabalho.

DIRETOR-GERAL HOUNGBO: Sr. presidente, do ponto de vista da OIT, é um momento histórico ter dois dos líderes mais influentes juntos lançando essa iniciativa, sabendo o quanto os direitos e o bem-estar dos trabalhadores estão próximos tanto do presidente Biden quanto do presidente Lula.

A OIT trabalha há mais de 100 anos para promover a causa da justiça social e do trabalho decente. E nossa estrutura tripartite única de governança dá aos trabalhadores, empregadores e governo status igual em nosso trabalho.

Temos uma compreensão incomparável de como o trabalho decente pode construir vidas melhores, economias melhores e sociedades melhores. É por isso que saudamos inequivocamente essa parceria entre os EUA e o Brasil em prol dos direitos dos trabalhadores.

Ao ouvir o presidente Biden destacando os elementos-chave da parceria, ele apenas me lembrou de nossa própria missão: não apenas os direitos – lutar pelos direitos contra a exploração, contra o trabalho infantil, contra o trabalho forçado; lutar contra a discriminação em todas suas formas, como lembrou o presidente Lula; a responsabilização e o papel do setor privado; o impacto da tecnologia, incluindo a inteligência artificial – não é mais apenas o colarinho azul, mas tanto os colarinhos azuis quanto os colarinhos brancos; e a transição justa – transição justa sobre emprego, sobre não deixar ninguém para trás.

Esses temas são muito críticos para o mandato da OIT, então o trabalho decente capacita os trabalhadores a se organizarem e negociarem. É – promove a justiça social com o essencial – para que as pessoas tenham um futuro melhor, que é a razão pela qual todos nós estamos aqui.

Então, do ponto de vista da OIT, estamos muito empenhados em realmente fazer parte dessa iniciativa. E posso prometer-lhe que faremos o possível para não enganá-lo, sr. Presidente.

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