quarta-feira, 16 outubro, 2024
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Embaixadora Ramkisoen é anfitriã da terceira edição da celebração da língua neerlandesa

Embaixadora da Republica do Suriname no Brasil, S.E. Angeladebie ramkisoen:

Prezados Embaixadores, Representantes das Embaixadas,
Representantes da Secretaria de Relações Internacionais de Brasília-DF Senhoras e senhores,
Boa noite

Gostaria de dar as boas-vindas e cumprir a todos, permita-me falar em neerlandês.

É um grande prazer para mim recebê-los na Embaixada do Suriname em conexão com a celebração da Semana da Língua Neerlandesa. Não é a primeira vez que comemoramos isso em Brasília. É a terceira vez, mas é a primeira vez na Embaixada do Suriname. Muito bem-vindo. Estou particularmente feliz com este momento porque é uma contribuição conjunta das três Embaixadas de língua holandesa em Brasília. Isso me lembra uma frase inspiradora: o melhor trabalho é trabalhar em conjunto!
Trabalhamos juntos para preparar este dia e nos comunicamos e trocamos ideias em neerlandês. (contato humano a humano através do neerlandês)
As pessoas falam neerlandês no Suriname? SIM
O neerlandês é a língua principal da sociedade multiétnica e das diferentes culturas do Suriname, que vivem em paz umas com as outras.
O neerlandês é a língua oficial do Suriname e uma das formas que nos conectam.

Deixe-me contar que cerca de 500 mil pessoas no Suriname falam neerlandês.
Posso dizer com orgulho que há certamente pelo menos um descendente da comunidade indígena, europeia, africana, indiana, javanesa e chinesa no Suriname que fala pelo menos uma palavra de neerlandês.
Assim como os novos migrantes como os guianenses, brasileiros, cubanos etc.
Tenta neerlandes
Todos certamente podem dizer:
Oi, você está bem?
A resposta é; sim, estou bem.
Vamos tentar!
Mas por que o Suriname fala neerlandês?
Há uma história rica por trás de falar holandês. Você pode ouvir mais sobre isso no vídeo de apresentação da Sra. Cynthia MC Leod.
A Sra. Cynthia McLeod é uma escritora popular e fez uma gravação de vídeo especialmente para nós, que foi gravada na Praça da Independência, no Suriname, e ela está de costas para o Palácio Presidencial.
A Sra. Mac Leod certamente não é estranha, especialmente para aqueles que assistiram ao nosso filme Quão caro foi o açúcar no ano passado, durante o 36º Festival de Cinema Grulac.
O Suriname é o único país de língua holandesa no Hemisfério Ocidental. Por causa disso, como a Sra. Mc Leod indica que o país do Brasil faz fronteira com um país de língua holandesa, o Suriname.

Em Suriname, que é coberto em 97% por floresta tropical, onde você pode aproveitar o ecoturismo e a paz, fala-se neerlandês! O neerlandês é único e, em Suriname, também é influenciado pelas outras línguas que falamos, como os empréstimos linguísticos. A expressão “vijf -barkie” é bastante usada — é uma expressão relativamente nova.
A palavra “barkie” vem do Sranan Tongo, a língua Franca do Suriname, e significa 100.

Portanto, “vijf barkie” equivale a 500.
Além disso, as palavras em neerlandês podem ter usos diferentes. Recentemente, vivi uma situação interessante — uma anedota.
Durante a celebração do 70º aniversário do meu avô nos Países Baixos, enquanto estávamos cozinhando pratos tradicionais surinameses como feijão preto, frango curry/massala e sopa de saoto, descobrimos que não havia verduras para sopa. Quase todos os pratos são finalizados com “soepgroenten”, que estava faltando.Fomos rapidamente ao mercado e pedimos “soepgroenten”, e recebemos literalmente vegetais embalados para sopa. Todos rimos ao ver isso.

Você sabe por que rimos? Alguém da plateia? Sim, nós estávamos nos referindo a salsinha. Em Suriname, “soepgroenten” significa salsinha. Engraçado, ne? O Neerlandês possa diferir do falado em outros países de língua neerlandesa, a maior parte é a mesma e também é usada durante as refeições.

Por isso, elaboramos um mini-livro de receitas: “Cozinhando Juntos”.
É uma coletânea de receitas de três países diferentes, em neerlandês e português. E há uma receita bem única nele. Espero que isso desperte sua curiosidade para ler as receitas.O neerlandês merece atenção, e tudo que você presta atenção vive.
Assim também é o neerlandês!
Por fim, quero expressar meu sincero agradecimento aos colegas embaixadores André e Peter, assim como aos demais colegas embaixadores, à equipe composta pelos representantes das três embaixadas, ao professor Júlio e aos estudantes. E não posso esquecer de agradecer especialmente você pela sua presença.

Muito obrigado, Thank you e Dank u wel!

Embaixador dos Paises Baixos no Brasil, S.E. Andre Driessen
” Boa noite a todos, é um grande prazer organizar novamente este ano um evento em torno da língua neerlandesa,  em parceria com as Embaixadas do Suriname e da Bélgica

Gostaria de cumprimentar com alegria a todos: colegas embaixadores, excelências, e em particular meus bons amigos do Suriname – em cuja embaixada somos convidados hoje – em nome da Embaixadora Angeladebbie Ramkisoen e da Bélgica, representada pelo Embaixador Peter Claes E gostaria de destacar e agradecer a presença do Sr. José Aparecido da Costa Freire, Presidente do Senac, Paco Britto, Diretor de Assuntos Internacionais do Distrito Federal e, naturalmente, as comunidades belga, neerlandesa e surinamesa, representantes da UNB, e todos que viram neste evento a oportunidade de estreitar laços com as Embaixadas.



Senhoras e senhores,

Esta noite, enquanto nos reunimos aqui, somos lembrados de nossa língua compartilhada, falada por quase 28 milhões de pessoas em todo o mundo. Mas também da história comum e do presente em que vivemos. Nossa história tem momentos difíceis e dolorosos, mas os laços que temos hoje entre nossos países, povos e culturas formam a base de nossa forte amizade. A organização deste evento, que encerra uma bela Semana da Língua Neerlandesa, nos lembra e festeja essas conexões.

Como vocês já sabem, celebramos anualmente a Semana da Língua Neerlandesa em Brasília. Este ano tivemos um Happy Hour Laranja e uma noite de cinema neerlandês Me alegro e agradeço pelo interesse, presença e envolvimento de todos em conhecer nossa língua. Um belo vídeo do historiador Daniel Breda será mostrado a seguir, compartilhando suas experiências no aprendizado do neerlandês e sua percepção sobre o que os Países Baixos significam para ele como brasileiro. Daniel mora em Recife, cidadeonde a conexão entre Brasil e  Países Baixos data ainda no século XVII

Para aqueles que estão aprendendo neerlandês e querem praticar os sons neerlandeses especiais, como o ‘G’ ou os sons ‘oe’, ‘ui’ e ‘ij’, tenho um conselho: você até pode olhar para o aprendizado de  uma língua de forma muito científica. Mas em meus anos no exterior, ouvi muitas vezes que a melhor maneira de aprender um idioma é sobre um travesseiro, o que significava que era melhor encontrar uma companheira ou um companheiro e então tudo ficaria bem.

Na minha juventude, passei um tempo no Brasil. No Ginásio Imperatriz Leopolina em São Paulo, aprendi primeiro português e alemão, mas não neerlandês. Durante a viagem de navio de volta aos Países Baixos, meu pai me deu, aos 8 anos de idade, um curso intensivo de neerlandês para não ter problemas mais tarde na escola neerlandesa. Passei o resto do meu tempo de escola primária na Escola da Companhia Philips em Taiwan, onde fiquei sozinho na minha classe por muito tempo. Isso proporcionou quase um ensino particular em neerlandês, do qual sempre me beneficiei muito.

Espero que o amor pela língua neerlandesa que nos une hoje continue a nos inspirar e que possamos vivenciar momentos como este juntos com mais frequência no futuro.

Para aqueles de nossa comunidade de língua neerlandesa, espero que se sintam um pouco em casa esta noite. Para aqueles que ainda estão aprendendo: não desistam – vocês sempre podem nos procurar para uma conversa agradável. E para aqueles que ainda não conhecem o neerlandês: nunca é tarde demais para tentar.

Aproveitem esta noite e os deliciosos petiscos.
Dankjewel! Muito obrigado!”


Embaixador da Belgica no Brasil- S.E. Senhor Peter Claes

Queridos colegas Embaixadores,
Distintas autoridades do Ministério das Relações Exteriores e do Distrito Federal de Brasília,
Caros convidados, senhoras e senhores, amigos,
Gostaria de agradecer de coração à Embaixada do Suriname pela hospitalidade e organização deste evento, e a todos os colegas das Embaixadas da Bélgica, Holanda e Suriname pelos esforços para que você tenha uma ótima experiência esta noite.
Estou muito feliz por você estar aqui esta noite. Assim como no ano passado, acho maravilhoso poder falar com você em neerlandês. A cada ano, a ‘Semana do Neerlandês’ fica um pouco melhor – agora você pode até acompanhar em português na tela atrás de mim.
Afinal, o neerlandês é uma língua tão rica. Nem sempre estamos conscientes disso, especialmente porque, em um ambiente como o Brasil, onde o português é tão dominante, não é fácil utilizar nosso idioma. Mas, quando estou no silêncio do meu escritório, ouvindo a chuva suave que finalmente supera o som dos grilos, escrevendo relatórios ultrassecretos sobre o Brasil para minhas autoridades na Bélgica, sinto uma vontade irresistível de apimentar a prosa política com expressões coloridas que não apenas ilustram o que penso, mas também trazem um sorriso espontâneo ao rosto. E isso não tem absolutamente nada de irônico – é simplesmente… o neerlandês.

Sabemos que uma língua abre portas para culturas e corações, revela o mistério de experiências milenares e é o tesouro dos sentimentos humanos. A inspiração para a riqueza das expressões idiomáticas em neerlandês vem muitas vezes da natureza, mas também da religião, da política, da vida cotidiana e do bom senso. Há algo de infantil nessa riqueza. Mas também uma sutileza que só pode ser compreendida plenamente por quem cresceu no idioma, absorvendo suas nuances desde cedo, de forma espontânea e sem pensar. Para os de fora, muitas vezes é incompreensível.
Lembro-me vividamente do meu falecido pai, que conseguia fazer sua própria mãe, uma mulher simples, rir descontroladamente com expressões que ela já havia esquecido. Infelizmente, ele nunca escreveu essas expressões. Com ele, essa riqueza imaterial também se perdeu. E isso me faz pensar automaticamente no que acontece em muitas partes do mundo, inclusive no Brasil, onde línguas únicas estão desaparecendo lentamente junto com seus falantes, levando com eles uma cultura milenar. É quase como ver museus em chamas. Sim, a língua é única. Ela é o antídoto para a globalização banal, para o discurso político muitas vezes insensato e para as banalidades comerciais que consumimos todos os dias. A língua é uma salvação. Aliás, não há língua no mundo – e estou convencido disso – que expresse o humor humano de forma tão viva quanto o neerlandês. Muitas vezes, é algo muito pessoal e até íntimo, mas também é popular. Eu cresci no mundo de Wim Sonneveld, Toon Hermans, Simon Carmiggelt e Jos Gijsen – todos mestres da língua falada e do humor. Me pergunto se hoje em dia ainda fazem pessoas tão geniais assim. Mas, há poucas semanas, tive o privilégio de assistir ao filme surinamês ‘Wiren’, uma obra-prima poderosa sobre um tema difícil. Apesar de tudo, é também um testemunho da força humana, com uma pitada de humor aqui e ali, proporcionando um alívio bem-vindo quando o desespero surge. E isso é algo que só o neerlandês pode fazer.

Isso tudo não é de forma alguma para desanimar os corajosos entre vocês que se aventuram a estudar o neerlandês. Muito pelo contrário. Nós, falantes do neerlandês, temos muito orgulho de que nossa língua seja falada por cerca de 30 milhões de pessoas. O neerlandês não é uma língua comercial internacional. Países como a Bélgica e certamente a Holanda não têm nenhum problema em promover ativamente o multilinguismo, mesmo que às vezes isso aconteça em detrimento da nossa própria língua. E, no entanto, o neerlandês continua mais forte do que nunca e está crescendo. É uma língua que convive perfeitamente com outras e que se adapta bem. Temos o neerlandês padrão que é ensinado, mas os dialetos regionais estão ressurgindo em nossos países. Isso não é um retrocesso, mas sim uma expressão do sentimento fundamental de que a sociedade humana, em qualquer forma ou nível, é única e tem direito à sua própria identidade. E essa identidade inevitavelmente se expressa melhor na língua. Uma língua que expressa liberdade, respeito e apreço. E essa língua está intrinsecamente ligada aos direitos humanos mais essenciais.
Como falante de neerlandês e como pai, estou muito orgulhoso do vídeo que você verá a seguir, como contribuição da Embaixada da Bélgica para esta noite. É uma criação espontânea e poética da minha filha Elizabeth e de seu colega Tobias, ambos estudantes em Brasília – um em francês, outro em inglês e ambos em português. Embora Elizabeth nunca tenha frequentado fisicamente uma escola em neerlandês, a língua ganha vida em palavras, imagens e formas, tendo o pôr do sol de Brasília como pano de fundo. É uma gravação de um momento fugaz em que a saudade de um certo passado se expressa através da língua. Aliás, a palavra ‘heimwee’ é talvez a expressão neerlandesa mais próxima do belíssimo e rico termo português ‘saudades’.

Eu poderia continuar minhas reflexões por muito mais tempo. Mas esse não é o objetivo. Então, recomendo que você esqueça rapidamente esses meus sentimentos um tanto pessoais e, no que diz respeito ao neerlandês, enfrente o desafio de frente, com uma cerveja na mão. E, acima de tudo, aproveite esta bela noite e volte para casa satisfeito.


Obrigado.

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