Por Ivan Godoy
As propostas de paz e de normalização das relações com o Azerbaijão, feitas pela Armênia, foram bem recebidas pelos participantes do Yerevan Dialogue, evento realizado em setembro na capital armênia, com a presença de ministros, acadêmicos e jornalistas de sessenta países.
O encontro internacional foi aberto pelo primeiro-ministro armênio, Nikol Pashinyan, que apresentou a proposta do seu país para colocar um ponto final as disputas com os vizinhos azeris, que surgiram após a desintegração da União Soviética. Além disso, ele falou sobre a intenção da Armênia de normalizar também as relações com a Turquia, com a qual os conflitos remontam a mais de um século.
Pashinyan falou igualmente do projeto “Crossroads of Peace”, que significaria abrir ao livre transporte de passageiros e de mercadorias todas as rodovias, estradas de ferro, espaço aéreo, dutos, cabos e linhas de transmissão de energia que estão sob a jurisdição de Armênia, Azerbaijão, Geórgia e Turquia. É bom lembrar que as fronteiras da Armênia com os territórios turco e azeri estão fechadas há décadas.
A normalização das relações e o projeto “Crossroads of Peace”, quando implementados, serão um passo significativo para converter o Sul do Cáucaso numa região de paz e colaboração, após séculos de guerras e conflitos étnicos e também provocados pelo embate entre grandes potências.
Além dos problemas específicos da região onde se encontra a Armênia, o Yerevan Dialogue tratou, em seus diversos painéis de debates, das mais importantes questões que afetam hoje o mundo, como as mudanças climáticas; a incapacidade das atuais estruturas e instituições globais para lidar com conflitos como os que ocorrem ou já ocorreram na Ucrânia, no Oriente Médio e no Sul do Cáucaso; os desafios da Inteligência Artificial e dos avanços no mundo digital; e o futuro do trabalho diante das inovações tecnológicas.
Também foram discutidos o papel do Sul Global numa ordem mundial renovada; o multilateralismo nas relações internacionais; a transição energética; como redesenhar o futuro da economia e da política para satisfazer as necessidades e aspirações do 1,8 bilhão de adolescentes e jovens do mundo; assim como as medidas necessárias para melhorar a situação da mulher no mercado de trabalho.
As discussões foram francas, mas sempre frutíferas, deixando como resultado final a compreensão de que o diálogo e a colaboração são as únicas opções para a Humanidade se quiser enfrentar e superar os inúmeros desafios da atualidade.