segunda-feira, 16 setembro, 2024
31.5 C
Brasília

Ouro faz de Rebeca a maior medalhista olímpica do país. Surfe é prata com Tati e bronze com Medina. Bruna Alexandre faz história

Multimedalhista se despede de Paris com quatro pódios e soma seis no total. No Taiti, dois pódios para o país. Mesatenista é a primeira atleta paralímpica brasileira a atuar em Jogos Olímpicos. Em comum a todas as histórias, a digital do Bolsa Atleta

Para a “última dança” em Paris, uma despedida em grande estilo, com direito a reverência das adversárias. No mais popular dos aparelhos da ginástica artística, Rebeca Andrade embalou a Arena Bercy e deixou até Simone Biles para trás para fechar a campanha nos Jogos Olímpicos com ouro no solo, com 14.166 pontos. Foi a sexta medalha olímpica na carreira da paulista, agora absoluta como maior medalhista olímpica do país, à frente dos velejadores Robert Scheidt e Torben Grael, com cinco cada.

Estou muito feliz e honrada por estar nessa posição. É algo que é muito difícil de ser conquistado. A gente treina bastante, luta bastante, bate diversas vezes no quase e, às vezes, não acontece. Então realmente é uma honra mesmo poder representar, poder mostrar que é possível

Rebeca Andrade

Foi a primeira vez que uma mulher brasileira chegou ao pódio olímpico no aparelho. Até então, o melhor resultado era um quinto lugar, da própria Rebeca, em Tóquio 2021, e de Daiane dos Santos em 2004, em Atenas. No masculino, Diego Hypolito e Arthur Nory foram prata e bronze na Rio 2016.

Na capital francesa, o título do solo foi a quarta medalha de Rebeca. Ela também foi prata no individual geral e no salto, além de bronze por equipes. Em Tóquio ela já havia conquistado ouro no salto e prata no individual geral. O pódio em Paris no solo foi  completado pelas americanas Simone Biles, que saiu duas vezes do tablado em suas acrobacias, e Jordan Chiles, bronze. Na cerimônia de premiação, as duas adversárias fizeram uma referência à “rainha” do solo.

“Estou muito feliz e honrada por estar nessa posição. É algo que é muito difícil de ser conquistado. A gente treina bastante, luta bastante, bate diversas vezes no quase e, às vezes, não acontece. Então realmente é uma honra mesmo poder representar, poder mostrar que é possível e acredito que quando você tem uma equipe que luta pelo mesmo sonho que você e que quer as mesmas coisas que você, as coisas acontecem”, disse Rebeca.

“Eu tenho uma equipe multidisciplinar que é excelente, meu treinador, as meninas e o foco também, a vontade de querer fazer acontecer, mesmo nos dias ruins, os dias que são excelentes, com medo, sem medo, eu vou sair para fazer, sabe? Às vezes eu morro de medo, é normal, faz parte do ser humano, mas tem dias que são mais leves e eu senti que todos os dias aqui foram leves, sabe?”, disse Rebeca.

Pela rede social X, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está em visita oficial ao Chile, comemorou o resultado histórico de Rebeca. “Acabo de saber do ouro para Rebeca Andrade no solo, sua quarta medalha em Paris. Parabéns para nossa maior medalhista olímpica da história”, escreveu o presidente.

Rebeca entre Biles e Jordan Chiles: no topo: Foto: Alexandre Loureiro / COB
Rebeca entre Biles e Jordan Chiles: no topo: Foto: Alexandre Loureiro / COB

TRAVE – Antes do solo, Rebeca e Julia Soares disputaram a final da trave. A competição foi marcada por muitos desequilíbrios e quedas de seis das oito finalistas. A favorita, a chinesa Yaqin Zhou, mesmo com nota abaixo da feita na classificatória (14.100), se manteve na ponta durante toda a primeira metade. Julia Soares foi uma das que se desequilibrou e ficou na sétima posição. Rebeca terminou em quarto. O ouro foi da italiana Alice D’Amato, seguida de Yaqin Zhou, com a prata, e a italiana Manila Esposito, com o bronze. Simone Biles ficou fora do pódio, com uma queda no exercício.

QUADRO DE MEDALHAS – Brasil soma 13 medalhas no total, na 17ª colocação. São dois ouros, cinco pratas e seis bronzes. Em comum a todas as conquistas, a digital do Bolsa Atleta, o programa de patrocínio direto do Governo Federal. O país já subiu ao pódio em seis modalidades: além de surfe e ginástica artística, judô, skate street, boxe e atletismo. A liderança do quadro de medalhas é dos Estados Unidos, com 21 ouros e 79 medalhas.

Tatiana Weston-Webb garantiu a prata inédita para o Brasil no surfe olímpico. Foto: Willian Lucas/COB
Tatiana Weston-Webb garantiu a prata inédita para o Brasil no surfe olímpico. Foto: Willian Lucas/COB

SURFE – Prata e bronze nas ondas do Taiti. O surfe brasileiro encerrou as competições olímpicas no Taiti com duas medalhas. O segundo lugar veio com Tatiana Weston-Webb, a primeira de uma mulher brasileira na modalidade, por uma diferença mínima na final diante da norte-americana Caroline Marks, atual campeã mundial, nas ondas de Teahupoo. “Nada mais que orgulho. Estou muito, muito feliz. Obrigada a todos pela torcida. Cometi uns erros na bateria. Poderia ter pegado ondas melhores e isso fez a diferença. Queria o ouro mas desta vez não deu para mim, mas isso é o surfe”, comentou a brasileira em entrevista para a Sportv no fim da bateria.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está no Chile em visita oficial ao país vizinho, celebrou nas redes sociais a conquista da brasileira. “Hoje, o Brasil fez história e conquistou a primeira medalha olímpica no surf feminino com Tatiana Weston-Webb. Mais uma conquista com a marca do Bolsa Atleta”, escreveu o presidente.

O bronze foi de Gabriel Medina após derrotar o peruano Alonso Correa por 15,54 a 12,43. Para conseguir o triunfo, o tricampeão mundial teve força mental para se recuperar de uma frustrante performance na semifinal, na qual foi derrotado pelo australiano Jack Robinson por 12,33 a 6,33, em uma disputa na qual acabou surfando apenas uma vez, muito prejudicado pelas condições ruins do mar de Teahupoo. “Fico feliz com a medalha. Treinei bastante este ano para isso. Claro que o foco estava no ouro, mas sou medalhista olímpico. Eu sinto que merecia essa medalha. Sou apaixonado pelo meu país, então fico feliz de ter representado bem”, declarou Medina.

O surfista de São Sebastião também comentou a falta de onda na semifinal, condição que o prejudicou demais: “Faz parte. Temos que saber lidar com o mar. Infelizmente a minha primeira bateria foi de poucas ondas. Mas faz parte do esporte. Fico feliz por ter dado o meu melhor. E isso é o que importa, independente do resultado. Começou de forma triste, mas terminou de forma feliz”. O presidente Lula também saldou a performance de Medina. “Parabéns, Gabriel Medina, pela conquista nos Jogos Olímpicos de Paris. Mais uma medalha para o Brasil!”, registrou Lula no Instagram.

Bruna Alexandre, Bruna Takahashi, Giulia Takahashi e o técnico do time, Jorge Frank: histórica participação. Foto: ITTF World
Bruna Alexandre, Bruna Takahashi, Giulia Takahashi e o técnico do time, Jorge Frank: histórica participação. Foto: ITTF World

BRUNA ALEXANDRE FAZ HISTÓRIA – Bruna Alexandre fez história no esporte olímpico nesta segunda-feira. Ao entrar na mesa 2 ao lado de Giulia Takahashi para o duelo contra a dupla da Coreia da Sul na disputa dos Jogos Olímpicos, a mesa-tenista se tornou a primeira brasileira a disputar Jogos Olímpicos e Paralímpicos. Elas acabaram superadas por 3 a 0 (6/11, 5/11, 8/11). Bruna ainda teve chance de disputar uma partida de simples, contra Eunhye Lee, e foi superada por 3 x 0 (8/11, 5/11, 6/11). O resultado foi o que menos importou nessa noite mágica, em que pode ouvir os torcedores gritando seu nome nas arquibancadas. “Foi uma noite especial. Vou lembrar disso todos os dias, é realmente inesquecível. Olha essa atmosfera, vou gravar um vídeo e ficar vendo sempre. Quero agradecer a todos os franceses pela torcida aqui para mim”, disse Bruna.

Bruna repete o feito de duas atletas que são suas inspirações: a pioneira Natalia Partyka, da Polônia, que esteve nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Pequim 2008; e a australiana Melissa Tapper, que conseguiu o feito na Rio 2016, Tóquio 2020 e, novamente em Paris. Inspirar é o que Bruna também deseja fazer. “Acho que é muito importante não só pensar no esporte, mas também na inclusão, no meu país e no mundo também, mostrando que tudo é possível, independentemente se você tem só um braço ou só uma perna”, contou.

A atleta de 29 anos, natural de Criciúma, Santa Catarina, já conquistou quatro medalhas paralímpicas: o bronze no Rio 2016 e a prata em Tóquio 2020 na categoria individual da classe 10 e dois bronzes por equipes nas mesmas edições. O objetivo é buscar o ouro na edição paralímpica, o que seria algo inédito para o tênis de mesa do Brasil. A experiência nos Jogos Olímpicos pode ajudar.

“Agora eu tenho o sonho de conquistar a medalha de ouro nos Jogos Paralímpicos. Tem muita diferença técnica do Olímpico para o Paralímpico e estar aqui vai me ajudar muito para o Paralímpico. Eu aprendi muito aqui e vou usar isso”, analisou.

NAS QUARTAS – Na disputa por equipes masculina, o Brasil fez um encontro lusófono com Portugal. E, com pontos de Vitor Ishiy/Guilherme Teodoro nas duplas e de Hugo Calderano e de Ishiy no individual, venceu por 3 a 1, avançando para as quartas de final. O adversário na quarta-feira será a França, que eliminou a Eslovênia. Tanto Guilherme quanto Vitor fizeram questão de valorizar a presença de Hugo na equipe, menos de 24 horas depois de terminar a disputa individual na quarta colocação. “Quero agradecer o esforço do Hugo em estar com a gente. Ele é nosso líder, ter ele na equipe nos dá confiança. Agradecer também ao nosso técnico, o Paco, pelo ambiente que ele e o Hugo criam no grupo”, disse Vitor.

Líderes do rannking mundial, Ana Patrícia e Duda confirmaram a vaga nas quartas de final. Foto: Alexandre Loureiro/COB
Líderes do rannking mundial, Ana Patrícia e Duda confirmaram a vaga nas quartas de final. Foto: Alexandre Loureiro/COB

VÔLEI DE PRAIA – Duda e Ana Patrícia seguem soberanas nas areias do Estádio da Torre Eiffel. Nas oitavas de final, a dupla número um do mundo derrotou as japonesas Miki Ishii e Akiko Hasegawa por 2 sets a 0, com parciais de 21/15 e 21/16, e avançaram às quartas de final dos Jogos Olímpicos sem perder um set sequer.  Duda e Ana Patricia voltam à quadra nesta quarta-feira (7) com uma missão mais dura pela frente. As adversárias serão as letãs Tina Graudina e Anastasija Samoilova, dupla número 6 do mundo. As europeias se classificaram após derrotarem as alemãs Svenia Mueller e Cinja Tillman por 2 sets a 1.

VÔLEI MASCULINO – A seleção masculina de vôlei deu adeus ao sonho da medalha olímpica em Paris 2024. Nesta segunda-feira, o Brasil foi superado por 3 sets a 1 pelos Estados Unidos nas quartas de final (24/26, 30/28, 19/25, 19/25) e se despediu dos Jogos Olímpicos. “É difícil, né? Frustrante. Por mais que a gente soubesse que era difícil todo o percurso, a gente sempre acreditou. Aqui dentro existe uma cobrança grande por tudo que foi feito nos últimos 20 anos. A gente sofre com uma derrota dessa, sabendo que lutou, jogou de igual para igual em muitos momentos contra grandes equipes. Mas faltou. Hoje as equipes estão na nossa frente”, reconheceu o levantador Bruninho.

Não deu para a seleção brasileira de vôlei masculino. Derrota para os EUA por 3 sets a 1 nas quartas de final. Foto: Gaspar Nóbrega / COB

HIPISMO NA FINAL – Dois brasileiros na final do salto individual, num dia memorável para Rodrigo Pessoa. Assim pode-se resumir o hipismo brasileiro nesta segunda-feira, no circuito montado no Château de Versailles. Última prova da modalidade nos Jogos Olímpicos Paris 2024, Stephan Barcha se classificou na 13ª posição e Rodrigo, agora em sua oitava participação olímpica, na 17ª – entre os 30 cavaleiros classificados para a final. Com um detalhe: os dois zeraram o percurso, sem derrubar qualquer obstáculo. “Nossa desclassificação por equipes, há alguns dias, foi uma grande decepção – a equipe brasileira foi desclassificada por causa de um ferimento por espora no cavalo de Pedro Veniss. Então, foram dois dias para se motivar, mas o cavalo respondeu 100%, mesmo não tendo saltado aqui, e ainda bem que correu tudo dentro da expectativa”, comentou Rodrigo, três medalhas olímpicas no currículo e que se tornou o recordista brasileiro em participações nos Jogos.

TRIATLO – Na prova de revezamento misto do triatlo, nesta segunda-feira, o Brasil chegou na 8ª posição. A equipe, formada por Miguel Hidalgo, Djenyfer Arnold, Manoel Messias e Vittoria Lopes, completou a prova em 1h27min23s, finalizada na Ponte Alexandre III. Um resultado que traz boas perspectivas para o triatlo brasileiro, tanto individualmente quanto por equipes, numa prova que os atletas ainda estão se acostumando com o formato de disputa. “Acho que nosso revezamento tem muito a entregar ainda, a gente teve poucas oportunidades para competir os quatro juntos, acredito que essa foi a terceira vez que competimos os quatro, e já conseguimos um 8º lugar no Mundial e outro oitavo agora, nos Jogos Olímpicos. Então, acho que é um ponto forte nosso e temos que trabalhar ele porque temos um potencial muito grande”, comentou Djenyfer. A prova do revezamento no triatlo é mais curta e rápida. Cada atleta nada 300m, pedala 7km e finaliza com 1,8km de corrida.  Na soma geral da prova, depois dos quatro competirem, dá 1,2km de natação, 28km de ciclismo e 7,2 quilômetros correndo.

ATLETISMO – Alison dos Santos, uma das estrelas da delegação brasileira, enfim começou a jornada rumo à segunda medalha olímpica de sua impressionante carreira. Nesta segunda-feira (5), Piu não precisou fazer muito esforço, diminuiu bastante o ritmo ao final da prova e terminou os 400m com barreiras no tempo de 48s75. Na próxima fase, Alison terá a companhia do pupilo Matheus Lima, que chegou em segundo lugar em sua bateria com o tempo de 48s90, e também avançou para as semifinais dos Jogos Olímpicos Paris 2024, marcada para a próxima quarta (7).  “Fiz uma corrida inteligente, tentando focar em conhecer a pista, perceber se está rápida porque isso influencia bastante em uma prova de barreiras. Agora a gente sabe o que tem que fazer na semifinal para conseguir um tempo ainda melhor e chegar na final em uma boa raia”, disse Alison.

ONIPRESENÇA – O DNA do Bolsa Atleta é “onipresente” na delegação brasileira que está em Paris para representar o Brasil nos Jogos Olímpicos de 2024. Levando em conta o edital mais recente, de 2024, 241 dos 276 atletas na capital francesa fazem parte do programa, um percentual de 87,3%. Se a análise leva em conta o histórico dos atletas, contudo, 271 dos 276 já foram integrantes do programa do Governo Federal em alguma fase da carreira (98%). Em 27 das 39 modalidades em que o país está representado na França, 100% dos atletas integram atualmente o programa de patrocínio direto do Ministério do Esporte. Mais: em seis modalidades, todos estão na categoria Pódio, a principal do Bolsa Atleta, voltada para esportistas com chances reais de medalha em megaeventos, que se posicionam entre os 20 melhores do ranking mundial de suas modalidades. A Bolsa Pódio garante repasses mensais que variam de R$ 5.500 a R$ 16.600, com o reajuste anunciado em julho de 2024 pelo presidente Lula.

Radiografia do Bolsa Atleta na delegação brasileira em Paris
Radiografia do Bolsa Atleta na delegação brasileira em Paris
spot_img
spot_img
spot_img
spot_img
spot_img