quinta-feira, 7 novembro, 2024
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Dia da Consciência Negra: Herman diz que nem Bélgica nem Europa têm lição a ensinar ao Brasil

 
“À medida que mais um aniversário se aproxima, os 20 anos da Conferência das Nações Unidas contra o Racismo, em Durban, nem a Bélgica nem o resto da Europa têm uma lição a ensinar ao Brasil, mas é uma jornada que podemos partilhar, uma prática de educação e sensibilização, uma experiência de preocupação com as vítimas do racismo, de melhores práticas de assessoria, mediação e apoio jurídico”, afirmou o embaixador da Bélgica, Patrick Herman, durante a abertura da exposição fotográfica “Reintegração de Posse: Narrativas da Presença Negra na história do Distrito Federal, lançada para marcar o dia da Consciência Negra, celebrado amanhã (20), e revela a presença e os caminhos de pessoas negras em Brasília, cidade que celebrou 60 anos em 2020. A exposição permanece no abrigo de ônibus da Estação Galeria, em frente ao Mural dos Direitos Humanos, até 16 de fevereiro de 2021.
O embaixador belga observa fotografia da exposição. Foto: Embaixada da Bélgica.
 
O embaixador lembrou que no contexto do Black Lives Matters, a agitação causada pelas referências à história colonial no espaço público, como nomes de ruas, esculturas e monumentos, de fato, criou no país uma reflexão profunda, uma tomada de consciência sem precedente que foi, entre outras coisas, traduzida por uma carta de Sua Majestade o Rei Philippe ao Presidente congolês Tshisekedi e ao povo congolês por ocasião do 60º aniversário da independência do Congo.
 
Na carta o rei belga expressa seu profundo pesar pelas atrocidades cometidas, bem como pelo sofrimento e pela humilhação causados durante a era do Estado independente do Congo e do Congo Belga.
 
A embaixada belga acaba de organizar outra exposição de fotos no mesmo local para comemorar os 60 anos de presença em Brasília e 100 anos da primeira visita de um Rei estrangeiro ao Distrito e ao Brasil. “Mas obviamente não é esta simples coincidência – não as paredes da Estação Galeria – que explica a participação da Bélgica nesta exposição hoje” disse Herman, apontando para o Muro dos Direitos Humanos da artista belga Françoise Schein, instalado há dois anos com o GDF, a UNESCO e o Ministério dos Direitos Humanos. Há no local azulejo dedicado ao artigo 1° da Declaração Universal dos Direitos Humanos que diz que todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos.
 
Herman destacou que o seu país esteve ao lado do Brasil em todos os principais avanços no direito internacional dos direitos humanos. “Hoje a constituição do país e a lei belga sancionam palavras e atos racistas e anti-semitas, contra os quais o Centro Interfederal Belga de Igualdade de Oportunidades, a polícia e a procuradoria federal podem decidir sobre ações judiciais. Mas a questão não é se vangloriar! Pelo contrário ! “, afirmou o diplomata ao lembrar que, este ano, de pandemia da Covid-19, e da nova assertividade dos movimentos racistas e anti-semitas em muitos países, a Bélgica realmente teve que se questionar, apesar dos seus resultados consistentemente satisfatórios em termos de rankings humanitários internacionais, mesmo com todas as suas certezas.
as da habitação, emprego e educação.
 
“É difícil para a geração dos meus pais admitir que a aventura colonial foi uma empresa profundamente enraizada no preconceito racial, na desigualdade e na discriminação. É difícil para minha geração reconhecer que vive em um país orgulhoso dos seus direitos e liberdades … mas no qual uma discriminação furtiva, oculta e não assumida continua a afetar os nossos compatriotas negros e os imigrantes e refugiados vindos da África. É difícil, mas necessário, para que a geração dos meus filhos encontre em si a força e a humildade para derrubar essas barreiras”, declarou o embaixador da Belgica.
 
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