Por Laura V. Mor / Resumem Latinoamericano Corresponsalía Cuba
Fotos: Syara Salgado Masssip
Havana foi o epicentro durante toda esta semana do Festival do Habano, onde 2.200 participantes de 70 países se encontraram para conhecer as novidades da mundialmente reconhecida indústria do tabaco cubana, que como pudemos ver, superou em número a edição do ano passado.
No meio de uma nova escalada de pressão da política exterior estadunidense para Cuba, com medidas restritivas que continuam recrudescendo o bloqueio econômico, comercial e financeiro contra o povo cubano e buscam asfixiar a economia, se desenvolveu um dos dois eventos mais importantes de charutos Premium (o outro é Big Smoke e se realiza em Las Vegas, onde dadas as restrições impostas por Estados Unidos não é possível que o tabaco cubano seja exibido nem comercializado diretamente), contando com participantes de diferentes partes do mundo; incluindo estadunidenses que driblam as restrições de viagens que seu próprio governo lhes impõe.
“Contamos atualmente com 155 Casas do Habano em 118 cidades”, afirmou na coletiva de imprensa inaugural o vice-presidente comercial de Habanos S.A., Leopoldo Cintra González, dando conta das três décadas de existência destas casas. Ao mesmo tempo, detalhou que atualmente o grupo empresarial Habanos S.A. está negociando mais de dez novos projetos Habanos Specialist, dentro dos quais a Europa se mantém como o principal mercado com 53% das vendas, seguido de América com 18%, África e Médio Oriente com 15% e Ásia Pacífico com 14%. No ano passado Habanos S.A. atingiu mais de 500 milhões de dólares em vendas por exportações. Se considerarmos que os habanos cubanos não podem ser comercializados em um importante mercado como é o dos Estados Unidos devido ao bloqueio imposto a Cuba pelas administrações estadunidenses há mais de meio século, a cifra é duplamente alentadora em vistas deste novo ano e sua contribuição à economia do país. “Todos esses sucessos não seriam possíveis sem a confiança dos aficionados que a cada ano assistem ao Festival do Habano, e das pessoas e empresas que apostam em nossas marcas” afirmou o vice-presidente de Desenvolvimento de Habanos S.A., José María López Inchaurbe. A feira desenvolvida principalmente no Palácio de Convenções de Havana – onde também ocorreram seminários e palestras de reconhecidos experientes do mundo- contou nesta ocasião com 239 expositores de 39 países; o que representa 5% mais que na edição de 2019. Além disso, os participantes desfrutaram aulas, provas e combinações com vinhos da catalã Adega López, bem como visitas a plantações em San Antonio de Los Baños e às fábricas Partagás e La Corona, o que permitiu aos participantes conhecer mais de perto o cultivo do fumo e o processo de produção dos puros cubanos em sua cadeia de valor. «Nioperro«, obra do artista cubano Roberto Fabelo foi arrematada na noite inaugural pela soma de 170 mil dólares em mãos do alemão Roland Henning, que serão destinados ao sistema de saúde cubano”
Esta XXII edição esteve dedicada às marcas Bolívar, Montecristo e Romeo e Julieta e contou com dois grandes lançamentos: Bolívar Belicosos Finos Reserva Colheita 2016 e Romeo e Julieta Oro Edição Limitada, habanos que puderam ser degustados pelos participantes durante a jornada. O XXII Festival do Habano concluiu, depois de cinco dias, com uma noite de gala no recinto Pabexpo, onde teve lugar o tão esperado leilão de umidificador Premium, celebrando o aniversário 145 da marca Romeo e Julieta. O primeiro umidificador arrematado foi doado pela família de Simon Chase – que faleceu em março de 2019 após encabeçar durante várias décadas Hunters & Frankau, empresa revendedora de habanos no Reino Unido- e vendido por um valor de 380 mil euros. Seguiram-se umidificadores confeccionados por artesãos cubanos: o de marca H. Upmann em 270 mil euros, o de Partagás em 400 mil, Romeo e Julieta em 350 mil, Montecristo em 420 mil e o que teve o maior lance e fechou com chave de ouro o leilão da noite: Cohiba, por dois milhões 400 mil euros:
Desta maneira, atingiu-se uma cifra recorde de arrecadação que demonstra o crescente impacto da agroindústria de tabaco cubano no mercado, apesar das condições desfavoráveis impostas ao país. Assim decorreram cinco dias de um Festival que ano a ano surpreende a seus assistentes; onde a tradição, a comida típica, a música e a cultura cubana se misturam com o mundo dos puros, evidenciando como Cuba segue – como cantava Glória Gaynor (foto no texto abaixo) – «sobrevivendo» (I’ll survive) – apesar das tentativas da isolar e porque ostenta o melhor fumo do mundo.